Em torno do conceito de coerência

Aproveito uma partilha de um amigo virtualizado, Àlvaro Cidrais, no facebook, para iniciar então este diálogo sobre este conceito que me tem visitado bastante nos últimos tempos.
Ora aqui está essa partilha:

A coerência não existe por si só. Apenas se cria, e adapta, nas lógicas que apadrinhamos durante algum tempo. Baseia-se na argumentação … que está quase sempre subordinada ao contexto, complexo e dinâmico, em continua alteração. É relativa. Quando se tem como absoluta, torna-se dogmática e aprisiona a criatividade em que nascem novas soluções. Todavia, a coerência é importante, porque estabiliza e gera confiança. O seu maior valor é de âmbito social. Não é lógico.

Sobre este tema da coerência, e utilizando um contexto prático para o explorar, cada vez mais que me ligo a essa intenção de não matar, não agredir o outro seja física seja mental, emocional ou espiritualmente, e falo de seres humanos essencialmente, e o que vou entendendo é que este é todo um caminho…
Falo de seres humanos e do ecossistema que os apoia - cuidem-se os fundamentalistas radicais de algum grupo ou clube ou religião, posso não compreender mas respeito a vossa existência. Peço que respeitem a minha, não me matando.

Esse tal caminho rumo à pureza, à paz connosco próprios e os outros.
E não rumo à defesa desta ou daquela causa.

Cada vez mais me apercebo que ser coerente com algo implica para mim estar satisfeito com esse algo. Isto é…Se eu estiver a fazer algo, mas estiver irritado, triste ou com medo do que estou a fazer, então é porque algo precisa de mudar.

Portanto, para mim ser coerente hoje tem que ver com procurar seguir ao máximo alguns princípios.
Em todos eles reconheço que sou imperfeito, utilizando-os como “objetivos de vida” a atingir.
São eles:

  • Cuidar da vida humana.
  • Cuidar do bem-estar humano.
  • Reconhecer a cada instante a minha perfeição imperfeita de ser humano
  • Potenciar momentos de bem-estar onde e com quem quer que esteja.
  • Estar consciente do que sei e do que não sei fazer a cada instante.

A partir do momento em que escolho principios para a vida, e os aqui publico aqui neste espaço de diálogo, publico também a abertura a que me possam dizer sempre que algum destes princípios possa não ter sido cumprido, para que depressa eu possa alterar o meu comportamento ou rever os princípios que me interessam seguir a cada instante.

Para poder medir o meu grau de coerência com estes princípios, será relevante clarificá-los mais e mais em mim mesmo.

Portanto, para que eu possa ser coerente, precisarei primeiro de clarificar cada um destes pontos. Fica aberto este diálogo…para si que me lê e para mim próprio.

Quem são para si as pessoas, vivas, mais coerentes do mundo?
Quais são os seus princípios (os do leitor e dessas pessoas?) ?

Desafio o que o amigo Álvaro escreveu acima:

Todavia, a coerência é importante, porque estabiliza e gera confiança. O seu maior valor é de âmbito social. Não é lógico.

A confiança é um conceito externo ou interno? Como o define?
Qual é a janela temporal que está a equacionar quando diz que o maior valor é de âmbito social? O que é isso de valor e como o mede ? O que entende por lógica? Quais são os princípios subjacentes a essa sua lógica?