Eu criança, adolescente e adulto ... ao mesmo tempo

Lembro-me de através dos dizeres de Agostinho da Silva falar da criança interior e da relevância de a criança permanecer viva em nós ao longo de toda a vida.

Por ora sinto isso ser verdade, na medida em que a criança é espaço para espontaneidade, é espaço para autenticidade, é espaço para alegria sincera, é espaço para rápida tristeza quando logo consolada, é espaço para se fazer o que se quer e procurar isso a cada instante.

Por ora se é bom ser-se criança, ao longo da vida vou percebendo da relevãncia em ser-se também adulto. Adulto na medida em que sei cuidar e proteger essa minha criança interior. Em que já não mais há ninguém externo a mim para verdadeiramente compreender o que se passa cá dentro. Há talvez alguém que chega lá perto, que vai tentando e agradeço todas essas pessoas que o fazem, que vão tentando. Nem sempre percebo isso logo, no momento da tentativa. Há pois tentativas que vêm de um lugar de ausência de consciência. Há pois adultos que não aprenderam completamente a cuidar da sua própria criança interior, e em vários momentos deixam-na sair interpretando papel da sua ideia de adulto.

Há essa ideia de adulto generalizada arrisco dizer, que se atinge a maioridade aos 18 anos.
Há essa ideia do adulto que é alguém que sabe sempre o melhor caminho.
Há essa ideia de adulto que é alguém que é responsável por cuidar dos outros como ou melhor que a si próprio.
Há essa ideia de adulto em que a raiva, o medo, a tristeza e até a alegria são sentimentos a reprimir.
Há essa ideia de adulto que deve sempre proteger tudo e todos.
Essa ideia do adulto insensível e herói.

E de repente encontro-me no meio de crianças, que sentem necessidade de exprimir a sua voz a toda a hora. Eu próprio, querendo fazê-lo, qual estratega que trago em mim, fui querer aprender sobre sociocracia -> esse sistema de governação que pretende dar verdadeiramente voz a todas as pessoas no sentido de terem algo a dizer sobre as decisões que as afetam. E o que acontece por vezes é que segue essa criança tentando exprimir a sua voz, procurando o seu lugar nessa brincadeira da vida, e cá vou percebendo que apenas vê parte da realidade, sem sempre estar consciente disso.

E há também um adolescente que vai aparecendo de vez em quando…Por vezes também acho que estou na fase da adolescência.

Esse adolescente já percebeu que o tempo em que era bébé já passou. O tempo em que lhe era permitido fazer tudo sem ninguém se ofender já era. As pessoas já esperam que o adolescente saiba perceber o que é correto e incorreto… Raios, até esperam que crianças de 5 anos já o saibam também, quanto mais um adolescente !

Quando a criança em público se exprime mais alto…há quem lhe diga: Não grites! Outros dizem…“Vê lá se queres ir de castigo”…
E repare-se que trago estas situações aqui porque muita gente que anda por aí diz isso e depois se arrepende de parte do que diz…reprimindo interiormente essa sensação de tristeza e achando que essa é a melhor forma de se ser adulto.

Pois bem, sinto-me adolescente quando alguém diz que sou “mais criança que os outros”.
Alguém que quer ter razão, que precisa de ser reconhecido por ter razão, e que perante o comentário de retaliação do adolescente que quer proteger o seu lado criança “Há momentos para libertar a criança e há outros para contê-la”, responde automaticamente talvez também como adolescente: “Não digo o contrário”.

Vivemos pois assim, espelhamo-nos uns aos outros -> Ora num momento sou criança que quer brincar, ora noutro sou adolescente que se acha adulto e que já sabe tudo.

Uma outra perspetiva para esse lado de adolescente é que se vive muito em modo de “Baixo Drama”, mas nem todos sabem disso.

Agora já podem ficar a saber: http://sparks.nextculture.org/res/sparks/Spark-012-en.pdf

Agora vou fazer de salvador: Se não souberem eu traduzo por vocês.
Agora vou fazer de acusador: Deixem de dizer que não sabem inglẽs e vão mas é aprender.
Agora de vítima: Tenho que continuar a escrever este texto. Ele precisa de ter um fim.

FIM.

P.S. Vai haver um curso em Setembro onde podem praticar tudo isto. Registem-se no meu formulário e também recebem 20 minutos de conversa diretamente comigo ;-). Quiçá pode ser divertido :slight_smile:

Registem-se em: https://goo.gl/forms/RCFUjRk4JBcB98ww1
Olhem para mim vítima (tb conhecido como “coitadinho”): Registem-se só para me ajudarem (recebo comissão).
Olhem para mim a ser adulto consciente: Ao inscreverem-se através desse formulário, e ao pagar o valor, estarão a dar-me parte do vosso dinheiro. A minha ideia é usar o mesmo para continuar financiar esta minha viagem de descoberta de quem é este adulto consciente em mim. Se o fizerem, e o fizerem conscientes de que é isso que querem mesmo fazer e vos dá prazer, também terei muito gosto em agendar um encontro pessoal para falarmos um pouco sobre se e como podemos fazer esta viagem em conjunto.