Pedaços de Ontem
Comer flocos de fibra
Que me deram energia a manhã toda
Estar em euforia
Latente e que se perde devagarinho
Para reabastecer,
Com uma lata de atum e polenta
Qual ceral sem glúten
Esse alergénico
Ou a ler génio, sabe-se lá
Isto há loucos para tudo
Uns inventam palavras
Uns aprendem-nas
Qual estado de criança
De que emergimos a cada instante
Muitas vezes perdida
Na escuridão da mente
Para depois recebermos uma visita
Inesperada visita essa
De alguém que nos é querido
Que nos conhece, em parte
Que nos valoriza e agradece
E logo a seguir uma vontade
Uma enorme vontade de descarregar
A porcaria toda latente
A chave desaparecida
Numa distração premente
Por vezes é assim
Parece que outros
Se apropriam de nós
Sem consentimento
Outras vezes vêm sem querer
E assim seguimos, junto
Procurando sobreviver.
Sobre viver
Palavras essas.
Mais que viver poder-se ia dizer
A vida já não nos basta
Queremos ir mais além
Além vida
Saber o que há além morte
Ah, resposta essa: Para onde ir a seguir?
Como controlar tal coisa?
Como teleportar para outro planeta,
Sem nos desintegrarmos pelo caminho,
E sem o estragar?
Deixando-o um bocadinho melhor do que o que o encontrámos?
Qual escuteiro de outrora,
Sempre presente.
Uma promessa passada
Fazer todos os possíveis por…
A mente, a palavra e a ação,
Alinhar com a alma.
Oh tão desafiante
Escrever rima sem a aprender
Oh tão estimulante
Quando ela surge sem pensar
E também, talvez,
Sem querer.