Memórias trazidas por uma publicação de um evento de há 11 anos atrás

11 anos, desde o evento do GET na Central Station, na praça D. Luís I em Lisboa, se não me engano, onde estava sedeada a Beta I. E tanta aventura vivida pelo meio. Tantos altos e baixos nesta montanha portuguesa a que a vida me tem convidado a percorrer. Celebro esse encontro desse passado, nesse lugar em específico. O site do GET ainda existe, em projectget.weebly.com

Reencontrei-o hoje, para lembrar que o último evento que fiz deste projeto foi em 2018, em jeito de fecho de ciclo. E nesse ano, tanta coisa se fechou e se abriu em mim…

Foi o ano em que tive o meu primeiro “surto psicótico” e o meu primeiro diagnóstico de doença mental (bipolaridade).

Desde então que ando a batalhar esse diagnóstico, assim como andado oscilante entre tomar e não tomar a medicação, por necessidade de mais provas e maior compreensão dos efeitos da mesma, além da “aceitação social” que a mesma parece acarretar, e sendo esse o motivo principal para a tomar hoje em dia.

Estive 4 anos com medicação, depois de ter sido internado de forma compulsiva (involuntária) em 2019. Nesse período tive oportunidade de ser despedido pela primeira vez na Vida, porque adormecia e estava apático nas reuniões. (estava com injetável nesses inicios, depois do internamento…uma vacina mensal).

E adaptei-me a tudo isso, como sempre fui fazendo. Pude reintegrar o mercado de trabalho entre 2019 e 2023, altura em que decidi experimentar largar a medicação.

Estive um mês, entre 15 de Julho e 15 de Agosto de 2023, se não me engano, na Casa de Alba, por precaução e no seguimento de ter estado 3 noites a dormir pouco. Foi uma experiência bem mais agradável, e que superei sem ser necessária medicação. Depois estive quase um ano sem ser necessário também…até que alguns pensamentos e experiências mais estranhas levaram a que aceitasse por fim medicar-me novamente.
Desde então que oscilo mais na medicação, não se tendo repetido nada com a intensidade que houve no passado, pois já sei que é possível e sei ± lidar com algumas coisas.

Estar por Sintra, perto da Natureza, tem ajudado bastante, bem como o facto de, pelo menos algumas pessoas em redor, saberem pelo menos parte destas experiências.

E por vezes, nos periodos sem medicação, já dei por mim meio que “preso em casa”…ou não fosse eu ter colocado objetivos de arrumar a própria casa…

Nos tempos da medicação lá para 2021 ou 2022 tb cheguei a ter momentos em que tive medo de sair de casa…e foi preciso um esforço interno considerável para o superar.

De momento tomo a medicação porque o meu filho um dia se virou para mim e disse: “Pai, se quiseres que eu durma cá em casa, precisas de tomar a medicação”… Qual imposição social que até chega através dele…

Por outro lado, desde que aceitei tomar, pelo menos durante algum tempo, seja para poder voltar a dar sangue (sim, também já me impediram disso por não tomar a medicação), seja para poder acolher o meu filho em casa sem me chatearem com esse tema…desde que recomecei a tomar que parece que voltei a assumir mais a minha autoridade em casa e a estabelecer limites (ele estava a abusar nos desenhos animados :-P, porque eu estava muito permissivo).

Para ser sincero, não faço bem ideia se isto está ligado à medicação…ou à alimentação que vai variando, ou a fenómenos sociais que ainda estou por compreender em pleno.

Também voltei a correr e a caminhar desde que voltei a tomar…como se a predisposição a isso tivesse aumentado…o que é estranho, dado que é uma medicação anti-psicótica e estabilizadora de humor…

Fica a reflexão do dia…

Que pensas e sentes ao ler este texto?