Hoje um amigo, o Darsy, disse e perguntou-me no facebook:
Queres saber o que faço para manter e dar apoio a culturas que são apagadas Diogo Cordeiro? Começo por fazer mudanças no meu meio e ver quem são essas pessoas próximas de mim, como esta artista. O que é que tu fazes?
(esta pergunta foi feita no contexto da partilha do post: siestas negras | a conversation with niv acosta and fannie sosa – Schön! Magazine )
Esta pergunta fez-me iniciar este tópico, para que possamos pensar no que pode ser realmente feito por cada pessoa para preservar os conhecimentos ancestrais e respeitar todas as outras pessoas.
Em baixo o contexto imediatamente anterior à partilha do Darsy. Para partilhar o contexto completo seria preciso quer eu quer ele partilharmos a história da nossa vida e procurarmos também contar a história de todas as pessoas com quem interagimos. Talvez um dia noutro tópico o possamos fazer…i.e. começar a recontar essa história da humanidade.
Darsy (no facebook a 2017-07-28):
Sem palavras pra descrever a beleza destes povos. É nestas alturas é que me entristece e > enraivece quando a supremacia branca declara que “descobriu” o novo mundo. Imagine-se todos os mitos e histórias que foram e são perdidas quando pomos a nossa perspectiva pessoal acima de todas as outras pessoas! As nossas histórias e ancestralidade são o nosso maior tesouro! Mata a história dum povo e matas a ligação com o seu sentido de identidade e valor próprio, com o seu tesouro!
Fica-se à deriva, passa-se o tempo a recuperar restos estilhaçados da imagem-origem que foi quebrada. A gente nunca recupera totalmente. Vamos colhendo peças aqui e ali na esperança de voltar a ser um todo, mas há sempre algo que falta, há sempre uma busca.
https://www.facebook.com/vizuorganics/posts/193950051250391
A esta partilha, comentei:
Escuto e ligo-me à tua partilha, agradecendo-te a mesma pela beleza de tais fotos. Carrego por certo no meu corpo coisas que nem sequer imagino de comportamentos e atitudes de “ancestrais” meus que não terão respeitado por completo a si próprios e todos os outros em conjunto. Fico triste ao ler o impacto que tais comportamentos terão tido na altura e continuam a ter, replicando-se gerações e gerações. Fico triste também por se contar e recontar essas histórias de opressão.
Fico também contente por todo o trabalho que está a ser feito em preservar e até recuperar algumas características culturais.
Fico também contente pela consciência crescente e respeito crescente que algumas pessoas vão tendo e que permite recuperar apenas as características culturais que servem esse futuro de respeito mútuo, deixando para trás aquelas que eram baseadas na morte, nas “leis do mais forte” e em tantas outras que visavam jogos de poder individualistas e de “soberania” de uns em detrimento de outros.
Ainda há caminho a fazer meu caro Darsy, concordo contigo.
Possa toda essa tristeza ser convertida em Amor e toda essa raiva e medos convertida em ação criativa e cheia de energia.O que achas que pode ser feito para recuperar essa história, e ao mesmo tempo construir um mundo onde todos se respeitam mutuamente ?
Quais são os traços culturais que achas que faz sentido preservar replicando-os e quais dirias que são aqueles que fazem apenas sentido ficar no passado, num qualquer arquivo histórico ou museu ?
Portanto, voltando à pergunta:
O que podemos fazer para preservar e respeitar a história cultural de todas as pessoas enquanto se replicam apenas os comportamentos culturais que viabilizam um mundo onde todos se respeitam a si e aos outros?
Para responder a esta pergunta podemos seguir duas vias:
- Uma em que se procura definir e clarificar melhor a questão a endereçar, considerando todas as variáveis conhecidas e depois avançar para as soluções.
- Outra em que se parte logo para a via das possibilidades de resposta.
Dou aqui espaço para estas duas vias tomarem lugar, pedindo apenas para que qualquer resposta a este tópico específique primeiro a via que está a seguir logo no inicio. Com o tempo, este tópico poderá virar wiki.
Seguindo a Via 1
Para compreender o contexto, primeiro há que observar as necessidades a que a mesma pretende dar resposta, os efeitos de não atender a essas necessidades e o impacto que endereçar essas necessidades pode ter no mundo.
Portanto, para responder a esta pergunta sinto ser relevante responder primeiro a outras.
- Porque é que é relevante preservar a memória cultural de todas as pessoas ?
- Quais são as necessidades físicas, psicológicas, emocionais, energéticas que são endereçadas pelo preservar dessa história?
- Qual é o efeito que a não preservação dessa memória tem?
- Qual é o impacto que a preservação pode ter?
- Quantas culturas diferentes existem? Uma por pessoa? Uma por país? Por bairro? Qual a granularidade a que nos interessa atender.
- Qual é a defnição de cultura que estamos a usar nesta questão?
- Quem são as entidades (pessoas, organizações) a nível mundial e local que trabalham no domínio da conservação e divulgação cultural?
- O que é o respeito?
A que outras perguntas pode fazer sentido responder?
Seguindo a via 2
- Cada pessoa identificar no seu meio traços culturais característicos e partilhar os mesmos (esta foi baseada na partilha do Darsy)
- Apoiar as pessoas e entidades que “conservam” esses traços culturais a fazê-lo.