O vazio
Um escritório num primeiro andar.
Um acesso a televisão por fibra.
Um filme sobre a expedição Kon-Tiki, acabado de ver
Um vazio que se me ocupa após ver o filme.
Um questionamento sobre que caminho e que destinos me assolam.
Uma tristeza por não ser nenhum herói
Um agradecimento por tudo o que já vivi
Ouvir o ruído do aquecedor no piso de baixo.
Uma frustração por não se manter a lareira acesa.
Um pensar que a lareira emite mais CO2 que a eletricidade, sendo menos sustentável, se esta vier de fonte renovável.
Um nada sem significado.
O nariz a pingar.
Um quê de normalidade.
Um cão a ladrar ao longe
Um reflexo de uma cruz e de uma cara de um tal que diria ser um buda na janela que contacta com o exterior
Como se houvesse outra.
Esta vontade de escrever.
Será que alguém um dia me irá ler.
E então, e se ler, o que irá fazer?
O convite é a agradecer
O instante presente
O passado que escolheu
O futuro que está por escolher.
E que tais escolhas venham com a mais subtil das sortes.
Como que ações despoletadas em cadeia
Para te fazerem brilhar.
E que nesse espaço de luz que emites.
A ti mesmo e a outros possas inspirar.
Boa noite,
Rumo ao vazio.