Sobre este tópico e referindo novamente a Ikigai vi (agradeço a partilha de Tiago Pita em Village 3.0: 10,000 Conversations no fb)
Nesse texto refere-se que especialistas indicam que a resposta a 4 questões é um bom ponto de partida para esclarecer qual será um propósito de vida:
O que é que amas fazer?
Em que é que tu és bom?
Em que é que o mundo precisa de ti?
Pelo que é que podes ser pago?
Considerando que falamos de uma palavra japonesa, observo como curioso que a citação de Gordon Matthews que refere que a forma como as pessoas no Japão compreendem Ikigai pode estar ligado a duas ideias japonesas – ittaikan e jiko jitsugen. Itaikkan refere-se a “um sentido de completude com, ou compromisso com, um grupo ou função", enquanto que jiko jitsugen se relaciona mais com auto-realização.
Será também relevante observar a última frase deste texto, citando novamente Matthews: “Ikigai não é algo grandioso ou extraordinário. É algo bastante factual.”
Na prática, e da minha experiência pessoal, cada vez mais vejo esta questão como estar mais ligado ao presente e ir estabelecendo objetivos ao longo da vida.
De onde vejo e cada vez mais pela minha experiência, exista a curiosidade por qualquer algo, a vontade de aprender ou o sentimento de que “algo precisa mudar” e aí se encontra um “propósito de vida”.
Na prática, podemos acreditar que há um fio condutor em tudo o que fazemos.
Isso diria cada vez mais, é simples: Se acreditarmos que precisamos de um propósito único de vida, então podemos simplesmente aumentar a abstração da sua definição.
Imaginemos que o João tinha como propósito de vida casar-se e ter filhos.
A partir do momento em que se casasse e tivesse filhos tinha alcançado o seu propósito de vida.
Portanto, depois assumimos que entraria em depressão profunda e diria que a vida não faz mais sentido, ou então morria…Até pode existir algum caso assim, mas não me faz sentido entender propósito de vida desta maneira…
Podemos então aumentar o nível de abstração e dizer que o propósito do João é cuidar do bom, do belo e do verdadeiro. Como isto é suficientemente abstrato o João poderá conseguir olhar para tudo o que faz e intuir se o que fez é bom, belo e verdadeiro, e caminhar nesse sentido. Será útil na óptica da auto-realização porventura, e se ele partilhar o significado de bom, belo e verdadeiro com mais pessoas, então poderá ser útil para outros também. No entanto, como é que o João irá lidar com a situação sempre que algo que faça não se enquadre nos seus critérios do que é bom, belo e verdadeiro? Ficará frustrado…irá sofrer…
Logo esta ideia de propósito de vida mais uma vez não me faz muito sentido.
Ao escrever este texto, na realidade fi-lo com a ideia pré-concebida de que não existe apenas um propósito de vida. Essa ideia levou-me a questionar:
De onde vem essa ideia de propósito ?
E eis que surge uma resposta interessante: Opinion | The Universe Doesn’t Care About Your ‘Purpose’ - The New York Times , que refere que propósito pode ser relevante para:
- ultrapassar o abuso de substâncias
- ultrapassar uma tragédia ou perda
- alcançar sucesso financeiro
No entanto, e segundo o texto refere que Aristóteles (384–322 BC) já pensave sobre o assunto e dizia que o nosso propósito é a felicidade. E associa a felicidade à virtuosidade, a bons hábitos e uma mente saudável. Conceitos que podem ser associados a uma moralidade.
O autor deste último texto afirma-se materialista e defende a inexistência de propósito no plano da física. Reconhece no entanto a utilidade da crença num propósito para a satisfação pessoal e cita um biológo reconhecido que associa esse propósito maior à vida extraterrestre : Opinion | Can Evolution Have a ‘Higher Purpose’? - The New York Times
e refere que a evolução humana pode ter um propósito assim como tem um relógio.
Portanto… “há quem viva tendo um propósito, há quem viva não pensando nisso, e há quem passe a vida a procurar um propósito…”, citando uma pessoa que conheci recentemente.
Portanto…que caminhos para encontrar propósitos?
O que é que te está a incomodar neste momento? Isso irá incomodar mais tarde? Trata de pensar ou fazer algo sobre como o resolver se assim for!
Nada te incomoda? Fantástico, continua a fazer o que estás a fazer até incomodar.
(P.s. incomodar neste contexto pode ser no sentivo destrutivo ou no sentido criativo)
:-).