Um dos pilares da colaboração é a confiança-mútua, e em específico a “confiabilidade” ( um texto interessante sobre o tema encontra-se em O conceito fundamental não é a confiança mas a confiabilidade - PÚBLICO, que refere uma palestra TED disponível em Onora O'Neill: What we don't understand about trust | TED Talk ).
Essencialmente apresenta-nos a confiabilidade como a confiança associada a um contexto:
A pergunta “Para fazer o quê?” é muito reveladora. Costumo usar este exemplo: “Confia no professor do seu filho para o ensinar?” Provavelmente diz que sim. Mas se lhe perguntar: “Confia nele para guiar o autocarro da escola?”, possivelmente vai dizer que não. Diria que procuramos três coisas: uma é se a outra parte é competente, e, pegando no exemplo do professor, se é competente para ler e ensinar e não se é competente para guiar o autocarro; outra é que, em vários casos, estamos à procura também da honestidade. trecho retirado de O conceito fundamental não é a confiança mas a confiabilidade - PÚBLICO, consultado em 2017-10-13
Tenho também encontrado relações entre transparência e confiabilidade, e entre insegurança/medo e necessidades de clareza/pedidos de detalhe.
Após ter aprendido que existem vários níveis de confiança, numa sessão de “coaching ontológico” no contexto de um curso de liderança, e perante uma situação em específico em que foi sugerida uma desconfiança minha em relação ao trabalho de outras pessoas, senti necessidade de desenvolver mais este tema da confiança, ocorreu-me escrever este texto.
No caso em concreto, fiz alguns pedidos associados a uma necessidade de clareza, provavelmente associada a algum medo mais profundo, que precisarei ainda de explorar para perceber qual o domínio do mesmo e se o mesmo é baseado em questões do presente e justificadas ou do passado e ultrapassadas.
De onde vejo a confiança tem vários níveis, um ao nível da segurança física → de confiar que outra pessoa não nos irá agredir fisicamente, um ao nível da segurança psicológica → de confiar na capacidade de nos relacionarmos enquanto seres humanos, um ao nível de acreditar que a outra pessoa acredita no que está a dizer (ao nível da honestidade), outro no nível de fazer o que se diz (capacidade de manter o compromisso), outro ao nível da autoridade (capacidade de saber tomar a melhor decisão segundo o nosso sistema de valores individuais).
Existirá ainda uma confiança ao nível da crença. Acreditar noutra entidade (pessoa, organização, “um deus”) sem questionar e refletir.
O que vou observando ao nível pessoal é uma tendẽncia para não confiar cegamente ao nível da autoridade em diversos contextos, ainda que haja alguns contextos em que entrego essa autoridade e não questiono e regra geral acabo por me sentir frustrado com essa entrega.
Uma forma que vou encontrando de me proteger desta frustração é através do questionamento e de apelos à transparência ao nível do contexto de colaboração em que se opera.
Por vezes contudo, estes pedidos podem ser baseados nesses medos, associados a alguma espécie de insegurança e dificultar a relação com outras pessoas que terão outro tipo de necessidades (reconhecimento na sua competência/capacidade possivelmente, ação, etc.)
Diria que a chave para um bem-estar coletivo estará em encontrar métodos e comportamentos associados ao contexto e que facilitem essa interação, a par com compreender os padrões habituais de cada um para facilitar uma maior tolerância dos mesmos, e permitir a existência continuada de um espaço de diálogo.
Que te ocorre com este texto? Há algo que possas acrescentar?