Tenho-me observado neste lugar de arrancar um novo projeto, um espaço/loja que visa servir a comunidade local ao mesmo tempo que me dá espaço para expressar a minha oferta ao mundo.
Tem sido desafiante este processo, que espelha um pouco os meus processos interiores também.
Três objetivos que gostava de alcançar são:
abrir oficialmente a loja a 21 de Dezembro deste ano,
ter um horário fixo,
com alguém cá a trabalhar, além de mim.
Os desafios a que me refiro são “inter-areas-de-vida”:
Também pelo diagnóstico de doença mental que tive há 5 anos atrás, quando estive internado. Desde que entrei e saí em 2019 do hospital psiquiátrico, fui trabalhando na área de consultoria informática, até ao inicio deste ano.
2022-2023 viram-me por aqui a falar um bocadinho de Odoo…E foi em 2023, ao fim de 4 anos medicado, com uma redução gradual, decidi, de forma acompanhada, suspender a medicação.
Foi como se de repente todos os meus projetos e sonhos anteriores voltassem. Ganhei uma nova vida. Comecei a querer desenvolver o meu lado relacional e felizmente o gestor da empresa em que estava facilitou isso também, permitindo-me experimentar funções comerciais.
A certa altura, já depois de deixar a medicação (creio que um mês depois ±), contudo, o meu único colega foi despedido e soube do risco de eu o ser também. Na altura, a par com o calor noturno sentido, tive 3 noites quase sem dormir…e sendo o sono um dos meus indicadores de alerta no que ao meu comportamento diz respeito (que originou o internamento em 2019). Por essa altura lembrei-me de um projeto psiquiátrico que tinha visto no site https://gerador.eu/o-gerador/, e decidi que, se porventura precisasse ser internado novamente, quereria então a Casa de Alba. Enviei uns emails que preocuparam a familia, e acabei por me propôr a passar um mês na Casa de Alba, com o propósito de esclarecer a minha vida profissional, enquanto estaria acompanhado por uma equipa pluridisciplinar: psicólogas, psicomotricista, psiquiatras e outras pessoas também, auxiliares e experientes na área da saúde mental.
Estive lá entre Agosto e Setembro de 2023.
Foi uma espécie de retiro, infelizmente ainda não acessível aos bolsos de todas as pessoas, ainda que baseado nos rendimentos do ano anterior. Naquele espaço os “residentes” interagiam com a comunidade em redor…tinhamos atividades dentro e atividades fora, em Estremoz, desde ginásio, a visitas culturais, a equitação.
Este ano, 2024, devido a alguns eventos conflituantes, a partir do aniversário do meu filho, e por incentivo familiar, decidi experimentar por 2 vezes em momentos diferentes a medicação.
Os impactos que a mesma teve em mim, e os que me pareceram ter a outros níveis também, fizeram com que recuasse novamente nessa decisão.
E graças a algumas técnicas que entretanto aprendi, e também muito graças à familia e comunidade local, vou conseguindo aguentar-me sem necessidade de medicação anti-psicótica ou estabilizadora de humor. Medicamentos, atualmente, vou tomando: para a constipação e afins, quando sinto que preciso resolver um problema mais rapidamente que aquilo que o corpo faria sozinho, ou quando não vejo alternativas.
Em alguns momentos considero a medicação, mesmo para a saúde mental, necessária. E noutros não.
Para mim a psiquiatria precisa de evoluir em Portugal (e provavelmente, não só) como qualquer área de conhecimento e prática.
No meu caso específico…provavelmente o meu próximo passo será de procurar algum exame que me permita ter imagens do cérebro e de outros órgãos também, já que o sistema nervoso e os neurónios estão em várias zonas do corpo. Sei que existem os scans fMRI e SPECT e os PET.
Os episódios que vivi em 2018 e 2019 interferiam significativamente no campo profissional, e também na minha vida familiar e amorosa.
Desde então fiz alguns programas de desenvolvimento humano, e tive contacto com algumas técnicas que, com o tempo, foram ganhando significado em mim, e que às vezes ajudam e outras desajudam nas relações também, já que a eficácia da “técnica” depende sempre do contexto em que me situo.
Por várias vezes fui observando uma zanga com a informática…e questionando-me porque é que acabam sempre a calhar-me trabalhos de programação. Eu acho que posso ter jeito a gerir e distribuir o trabalho para outras pessoas. Já o fiz no passado.
No entanto, a minha tendência para acumular tarefas e dizer que Sim a muita coisa, foi minando essa capacidade de foco em uma coisa só, e na realidade nunca dei seguimento a esse lado de gestão em termos profissionais.
A dificuldade em estabelecer prioridades…associada ao “gostar de muita coisa”, e achar que “muita coisa” é importante e relevante para a vida das pessoas, vai reduzindo cada vez mais.
Vou-me focando no meio onde estou, no que me surge e no que vou aprendendo ser realmente imporante para mim, nessa dança entre mundos e conversas interiores e exteriores, e aceitando que nem sempre as coisas se resolvem ao ritmo ou velocidade que eu gostaria, e, passo a passo, os projetos vão avançando.
Imaginar-me à beira da morte e olhar para trás ajuda-me a perceber o que realmente é importante, por exemplo. E para mim isso, neste momento, passa por dar o meu melhor para que o filho que tenho o privilégio de ser pai possa crescer ao seu ritmo e integrado interna e externamente com todo o seu potencial, e também por estar em paz com as obras que fui fazendo ao longo da vida, seja a nivel local, seja global.
O projeto da loja tem sido particularmente desafiante…pois, além de gostar de ter certezas que o que estou a fazer vai funcionar, ao mesmo tempo que não fecho os olhos à realidade do caminho, gosto (e preciso) de fazer trabalho também fora dela…e encontrar um horário fixo para a mesma, nestes processos de “busca e alinhamento e foco profissional”, tem sido um desafio. Gostava de poder contratar alguém que pudesse assegurar um horário fixo para este espaço. E para isso, preciso de alterar a situação atual, em que os meus pais estão a financiar as minhas despesas…o que é um privilégio e benção, ao mesmo tempo que me geram desconforto…Eles podiam estar a usar o dinheiro para viver a sua reforma em pleno e passam muito tempo preocupados comigo.
Observo-me a ter o que acho serem sonhos comuns a muitas pessoas: casa, uma relação amorosa estável, uma boa dinâmica com o filho e família no geral, satisfação e realização profissional, e poder contribuir da melhor forma possível para a sociedade em geral.
E em simultâneo, numa tentativa de me integrar na sociedade e de cuidar da minha saúde, observo que há muitos de menor energia…de tristezas, de medos e também de raivas e alegria.
E estas emoções e sentimentos fazem todos parte da Vida. Aceitar e gerir isso de forma saudável é o desafio. E por vezes implica reperspetivar o que significa gostar.
E no caso da informática…na realidade eu observo que gosto desse lado que me permite resolver problemas e apoiar muitas pessoas nas tarefas do seu dia-a-dia, facilitando o seu trabalho e também a sua Vida. O que eu não gosto é de ficar muito tempo sentado a resolver problemas sozinho… Nem daqueles momentos em que estou sem trabalho, sem espaço para fazer ou trabalhar noutas áreas. Essa limitação de uma pessoa a uma tarefa ou conjunto de tarefas específicas, para mim é por vezes redutora de tudo aquilo que posso dar…e acredito que muitos problemas de depressão neste país vêm deste fenómeno: neste desalinhamento entre o que a pessoa podia estar a fazer/entregar ao mundo, e o que está a fazer na prática.
Só que há um espaço vazio na comunicação entre as pessoas. É dificil ter clareza sobre o “estado” atual de cada ser. Seja o ser uma pedra, seja um ser humano, embora numa Pedra possa ser aparentemente mais simples de classificar e categorizar o seu estado, ainda que no seu interior também possa haver vida…a um ritmo distinto daquele que se observa do exterior.
Filosofias e Espiritualidades à parte, hoje, depois de tudo o que passei e com um espaço para gerir e a vontade de contratar outras pessoas, decidi voltar a aceitar esse tipo de trabalhos de informática, em que me predisponho a voltar a programar e apoiar outros nesse percurso, caso assim o queiram, idealmente sem desprezar todas as outras áreas em que fui desenvolvendo conhecimento e sabedoria, e integrando-as, uma por uma. Seja num olá à pessoa que passa à minha frente (e que me parece precisar), seja remotamente a uma pessoa que está “em linha”, noutro ponto do mundo…
Isso tudo também, enquanto cuido da minha saúde.
Portanto, se souberem de algum trabalho informático ou não que eu possa realizar idealmente em modo hibrido