Dia 35 - 2023/08/01

Antes de ler este texto, lê antes Sobre a categoria Diario pessoal - científico?

9h36 de dia 2

Ontem…escrevi já um pouco da manhã no registo de dia 31. Começo assim da visita guiada ao museu do Azulejo do Berardo, gratuita na primeira terça de cada mês.
Fiz algumas perguntas durante a visita, procurando alimentar a minha curiosidade…a visita começou pelas 15.30 e terminou pelas 17h00, com uma prova de vinhos, em que podiamos escolher Moscatel de Setúbal ou um branco de Estremoz. Já perto do final dois dos residentes quiseram fumar e felizmente n ficamos mt tempo parados à espera deles, o que me estava a causar algum desconforto.
Sobre os azulejos, o tema era 800 anos de historia…percebi que a arte da azujelaria é mais antiga em Espanha que Portugal, ainda que mais tarde Lisboa acolhesse o maior centro de fabrico de azulejos.
Percebi que a certa altura as cores vinham de alguns metais, como cobre e manganês e que havia várias técnicas.
No final retive a existência de um material mais resistente que o azulejo que creio ter alguma ligação ao mármore.
Gostei particularmente dos azulejos em relevo.
No final da visita já estava um pco cansado.
Saímos do museu em direção à carrinha e percebemos que a passagem para o rossio estava bloqueada por uma área de obras…limitada por umas grades de metal.
Um dos residentes sugeriu irmos por essa área com o argumento de que o aviso para não se passar por ali era para que “nem todos passassem por ali” e que “não estava ng a trabalhar naquele momento” e avançou. Observei algum desconforto em mim e dps na hesitação da técnica psicóloga que ia connosco, e fomos atrás dele.
Voltámos à casa e observando que o sofá grande em que me costumo sentar (por ser perto de uma tomada) estava ocupado, sentei-me num dos sofás pequenos pela primeira vez, que era perto de outra tomada.
Fiquei por ali continuando a leitura do documento sociólogo sobre empreendedorismo social e apercebendo-me de que ja tinha passado a hora de dar comer aos animais e as residentes disso encarregue que estavam tb na sala n estavama mobilizar-se, perguntei se iriam e elas concordaram entre elas ir dps da reuniao comunitaria da tarde.
Fiquei algo desconfortavel com isso, pensando qual seria o impacto nos animais…e se para estes era importante a rotina de cumprir o horario da comida.

10h08 - na carrinha para o ginasio

11h45 - no café rossio, depois do ginasio

Em relação ao tema do cumprimento dos horarios refleti tb cm podia ser relevante nao so para os animais mas tb para o voltar à vida “integrada” na sociedade em que vivemos.
Simultaneamente refleti que a decisao do horario podia perfeitamente ser da responsabilidade das pessoas que fazem a tarefa, com consciencia de todas as outras atividades e sem prejudicar o bem-estar geral.
11h50 - pausa para conversa
13h53 -
Ultrapassado o tema do horario uma das tecnicas perguntou a uma das residentes o que ela achava de se fazer a reunião lá fora e ela dizer que sim foi suficiente para a psicoterapeuta decidir. Ainda apanhei parte de mim a pensar se ela me ia perguntar a mim tb antes de fazer a decisao…algo em modo vitima pensando que ela tinha perguntado a outra pessoa e não a mim. O meu lado que gosta de participar nas decisões que me afetam reagiu…e agora ao refletir sobre isso penso que eu n ter feito nada é tb uma forma de “fazer algo”… Ou seja, cm concordava com a decisao, dissipou-se a questão.
A psicoterapeuta decidiu entao começar a levar as cadeiras la para fora e pediu voluntarios, dizendo que era ok as pessoas levarem mais tarde…
Eram já 19 quando o diretor clinico passou pelo sitio onde eu estava rumo à reuniao e perguntou se eu ia tb. Disse que sim, terminei o que estava a fazer e fui…cheguei pelas 19.00 ou 19.01 ao espaço da reunião. E voluntariei-me para “secretário”/moderador/guardião do tempo, tendo tido algumas dicas (ex: ia passar a leitura do quadro qd me disseram que faltava o check-in), lembrando-me do “processo”. Quando chegou a minha vez de check-in introduzi um primeiro tema - que era comum a varias pessoas…
14:06 - Pausa para reuniao de planos terapêuticos
15:56 -
Logo depois da introdução desse tema o diretor clinico desenvolveu-o. Escolhi não dizer nada ainda que achasse que no check-in não houvesse interrupções.
Entretanto já ía para a terceira pessoa falar e eu ia a dizer que me faltava terminar o check-in quando uma das psicólogas da casa, que estava ao meu lado e tinha começado a ronda de check-in referiu que eu ainda não tinha terminado o check-in.
Terminei, reviram-se as tarefas do dia e prosseguiu-se com as questoes praticas…reparei nas horas ja eram 19.30 e ja n houve tempo para checkout.
Ajudámos a recolher as cadeiras e uma das residentes foi dar a comida das galinhas enquanto outra ia dar a comida à cadela. Perguntei se ela queria companhia e perante um “se quiseres” lá fui. Começámos por dar a comida e depois fomos à procura dela, conversando pelo caminho. Encontrámo-la e demos os comprimidos.
Fomos jantar.
Creio que comi bife e algo vegetariano.
Depois de jantar fui para a sala onde vi um documentário referenciado no trabalho sociológico sobre empreendedorismo social e terminei a leitura do documento. No final recolhi alguns nomes de participantes e organizadores do documentário.
Enquanto lia e fazia esta recolha estava a dar o homem aranha, em que ele estava possuído por uma força negra que o fazia ser mais agressivo e possessivo (o homem aranha negro).
Lembro-me da cena em que o homem aranha se debatia consigo próprio, após ter magoado a mulher que amava…e como isso serviu de gatilho para ele querer mudar…conseguindo fazê-lo.
O filme trazia mensagens de egocentrismo extremo, ressentimento (da parte de um jornalista que tinha sido despedido apos ser denunciado pelo homem aranha), ambos como algo “não ok”, de compaixão (qd o homem aranha tentou salvar esse reporter no final, apos este ter sido possuído por essa força negra), de escuta e perdão (quando o homem aranha escutou o homem areia, que era quem tinha morto o seu tio após um assalto a banco que tinha feito para arranjar dinheiro para salvar a filha), de paixão/amor e de amizade.
Terminado o filme e documento peguei no computador e ainda fui falar com os residentes que estavam no exterior, para ouvir uma musica de Pedro Ma Fama que me tinham falado e que me tinha despertado a curiosidade…Fui depois para o quarto, onde me deitei, levando algum tempo a adormecer (tendo entretanto chegado o meu novo companheiro de quarto e ouvido umas palavras soltas de uma conversa telefonica que decorria no quarto ao lado).
Adormeci creio que algures entre as 23 e as 24.