Dia 38 - 2023/08/04 com pedaços de dia 5

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7h59 de dia 5
Levantei-me pelas 7.15. Hoje já descansei mais que ontem. Ontem experimentei os tampões para os ouvidos ao deitar e dps a meio da noite lembro"me de os tirar…foi algo do meu subconsciente…provavelmente por me causarem algum desconforto.

Sobre o dia de ontem…
Acordei e remeti-me à escrita…e entretanto acordou o meu colega de quarto…partilhei com ele o facto de o ter ouvido cm se a mastigar durante a noite (ouvindo-se o bater dos dentes uns nos outros)…ele disse algo como “pensei que já me tinha livrado disso”…
Estava eu continuando a escrita e ele pergunta se eu queria ir tomar banho e ao meu não vai ele.
Já passava das 8.30 quando eu fui e estava eu a sair do chuveiro qd ouvi baterem à porta e pco dps ouvi chamarem Diogo…apressei-me e qd sai da casa de banho pensei que era algo apenas c o meu vizinho do lado, que partilha o mesmo nome…
Saí do quarto pelas 9.03 direto à sala onde estaria já a decorrer a reunião comunitária…
Sentei-me e percebi que se estava a dar 10 min de tolerância para começar a reunião, coisa que nunca antes tinha visto numa reuniao comunitaria…estranhei e comentei isso, ficando a perceber que aquela era uma reunião de emergência e por isso é que tb tinham ido chamar as pessoas aos quartos.
O tema era novamente sobre o residente do quarto ao lado, que não tinha comido no dia anterior nem tomado medicação, e que praticamente não tinha saido do quarto, novamente.
A ideia era pensar em conjunto em próximos passos…algumas pessoas pareciam achar que o internamento era a unica solução e outras achavam que ainda havia mais a fazer antes dessa via (estando eu neste último grupo)
Decidiu-se contactar a rede de proximidade dele para até ponderar a hipotese de virem até cá pelo menos uma pessoa, que tv conseguisse comunicar com ele e dps, duas das residentes: que tinham tido mais contacto c ele nos últimos dias ficaram de lhe entregar uma nova carta, onde lhe falávamos explicitamente do internamento cm caminho provável caso ele nao cooperasse.
Quis eu iniciar a carta, enquanto comia o peq. almoço e ao ver chegar ao refeitorio a residente com maior proximidade dele, propus que ela escrevesse a carta comigo. E assim foi…procurando usar uma linguagem não violenta, partilhando o sentimento de medo generalizado baseado no facto de ele nao estar a comer, tomar a medicação nem a comunicar e de não sabermos se ele estava a dormir, dissemos que precisávamos que até às 11.30 ele comunicasse e fosse tomar a medicação e que se nao dissesse nada assumíamos que a escolha dele era o internamento.

A meio da escrita, uma das residentes partilhou que estava cá a filha dela e fiquei c vontade de a conhecer…vendo-a de costas junto à piscina e com o pai, tb de costas…
Passado instantes mãe e filha entram para o refeitório, e lembro-me de ficar contente por vê-la contente tb, e ainda tentei interagir com a filha dizendo coisas como “Já ouvi falar muito de ti”, perguntando-lhe a idade e tentanto uma abordagem diferente, escondendo-me atrás da caixa de cereais e por breve momentos parecia que ela tinha alinhado na brincadeira

Terminámos a carta com uma mensagem de que estávamos ali para ele.
Elas foram entregar a carta e ele, nao abrindo a porta, abriu uma delas para deixar a carta la dentro, vendo-o deitado na cama.

Pelas 11.00 tive a minha psicoterapia individual, onde partilhei do meu sono não completo nessa noite, de falar um pouco sobre o meu primeiro e segundo surtos, de falar da relação c o meu filho, de falar sobre a minha relação com a emoção da raiva, de alguns momentos em que a senti e cm lidei c ela, bem como das aprendizagens e abordagens que aprendi para lidar com a expressão da mesma.
Relembrei o momento que me recordo como o mais violento da minha parte para com o meu filho, tinha ele uns 3 anos creio, e estavamos no meu quarto e da mae dele em modo brincadeira…em que ele me bateu com um pau e senti uma dor e a minha reação algo automatica foi de lhe dar um empurrao (n c mta força, mas c força suficiente para ele cair na cama - um futon junto ao chão - e chorar)…lembrei a mãe dele comentar algo do género “ele só tem 3 anos” e eu dps lhe ir pedir desculpa, explicando em simultâneo que ele n podia bater.
Sinto alguma tristeza por esse momento, por n ter lidado de uma forma mais “contentora” e até preventiva da situação, mas é o que é e já houve mts outros momentos em que ele estava a exprimir raiva e eu lidei de forma mais “contentora” com a situação. Ou segurando-o quando achei necessário, ou dando-lhe uma almofada para ele bater, ou começando eu a dizer que sentia raiva por um motivo associado ao momento…

Depois da terapia individual fiquei a saber que ainda não havia “movimentos” do outro residente, sendo que teriam aberto a porta do quarto e visto a folha na mesma posição em que a deixaram, levando a crer que ele não a teria lido…
Fomos almoçar. Creio que comi delicias do mar com massa e maionese por cima.
Pelas 14h00 foi a equitação, em que fomos 4 residentes.
Na carrinha dormitei um pouco…até ser acordado por uma constatação em voz alta da residente ao meu lado dizendo para outro que eu estava a dormir (e que a outra residente do outro lado dela tb estaria)…Perguntei se tinha a boca aberta e tive um não cm resposta…dps disso já n csgui dormir mais na carrinha.
A instrutora habitual estava nas JMJ, pelo que quem estava connosco era uma mais nova, não segura ao ponto de não nos deixar saltar para cima do cavalo.
Fui o 3o a montar. Ao dar o impulso para por a perna por cima do cavalo, enquanto a outra estava na escada, mal assentei caiu a escada por baixo do cavalo…o Dante.
Ultrapassada essa situação, ela perguntou-me o que já tinha feito e explicou que desta vez nao ia poder fazer galope por o cavalo já estar cansado…andei entao a maior parte do tempo a trote, sendo convidado a levantar os braços em simultâneo a trote…revelei alguma resistencia a levantar os braços em simultâneo, por algum medo de cair, levantando entao primeiro um e dps o outro…e dps mais tarde os dois em simultâneo, por cima to “toque”…no final o convite foi que fosse eu a dar sinal ao Dante para entrar no trote, com um toque de pé e fazendo uns estalidos com a boca.
No final tb houve o convite a direccioná-lo com as pernas para o centro, rumo à instrutora.
O feedback que tive do técnico que assistia era que esttive mais à vontade…embora eu tivesse sentido algum medo em andar a trote de mãos no ar.

Regressámos à casa, fui lanchar uma tosta de queijo com manteiga e dps remeti-me ao sofá, no computador, lendo um documento “da união europeia” sobre Empresas sociais e o caso específico de Portugal.

Chegaram as 19h00 e tivémos a reunião da tarde em que me propus cm voluntario após um dos técnicos perguntar.
Depois fui ao lixo mais uma residente e uma psicoterapeuta, carregando o carrinho de mão.

No regresso do lixo a psicoterapeuta falou-me de uma série que gostava “Black Mirror”. Fiquei curioso pelas descrições que ela fez.

Chegámos e fomos jantar…depois de lavar as mãos, comi um resto de esparguete com almôndegas: hj era dia de aproveitamentos.

Dps de jantar fui para o sofá continuar a leitura do doc da empresa social e dps estavam já tocando e cantando lá fora e ofereceram-me um gelado, ao que me juntei.
Entretanto tinha regressado a residente e vinha só com a filha…Estiveram ali um bocadinho a ouvir musica e ela dps levou a filha para o exterior (imagino eu que para ter com o pai e avó paterna que foi quem vi mais cedo) e regressou.

Gelado comido, sentei-me ainda um pco ao computador e estando já cansado fui-me deitar, pelas 22.30.

Coloquei os tampoes nos ouvidos…o meu colega de quarto entrou e ainda ouvia o que ele disse, respondendo-lhe e adormecendo pouco depois.

10h18 - fim de escrita…plano de ir limpar a piscina pensando já em ali ir c o meu filho mais tarde quando ele chegar e dps de ir ao multibanco (e eventualmente ao café) pois a residente a quem emprestei dinheiro quer pagar-me de volta.