Dia 48 - 2023/08/14

Antes de ler este texto, lê antes Sobre a categoria Diario pessoal - científico?

8h06 de dia 15

Levantei-me pouco depois das 7h: wc, flexões, abdominais, “dobragens”, banho.

Ontem, depois da reunião comunitária das 9h00, pelas 10h00 seguiu-se o ginásio.
Estive na passadeira, no modo “dashboard” 5 min, e dps fui para o “circuito”, que era novamente, como da primeira vez que o fiz, sp na mesma zona e que recorria a barra com pesos, pesos soltos e uma colchonete para exercícios de chão.
No final soubémos que não ía haver pilates pelo que fui para as máquinas que tinha já experimentado da última vez. Duas de peito/braços/ombros e duas de pernas.
Segui então rumo ao café habitual, escrevendo neste diario em simultâneo.
Depois de nos apanharem passámos no lar para ir buscar a comida: sopa de agrião, frango assado e batatas fritas.
Ao chegar à casa, ajudei a descarregar e pco dps fomos comer.
Pelas 14h00 foi a reunião de proximidade.
Gostei do espaço de diálogo sincero e humano (no sentido de respeito mútuo) que se criou…onde, havendo pessoas com experiências e domínios de competências diferentes, tb houve humildade e vulnerabilidade.
Gostei particularmente de conhecer um pco mais sobre a médica psiquiatra que me foi atribuída e de perceber o quanto ela se esforçou para encontrar estudos sobre pessoas que deixaram a medicação e a resposta que me deu no final.
Quiçá possamos um dia trabalhar em conjunto rumo ao desenvolvimento de tais estudos e a uma sociedade mais consciente.
Pelas 15.45 fui para a cozinha onde cozi a massa para a salada fria que íamos comer enquanto que a técnica e outra residente se ocupavam de preparar o resto dos ingredientes.
Dps da massa comecei a preparar o bolo de bolacha e contei com a colaboração da outra residente para misturar o açucar e as gemas e dps as claras em castelo.
Percebi que o creme estava mt líquido e que o melhor era comermos o bolo apenas hoje, tendo mudado tb a forma com que o costumo fazer e ficando com algum receio do resultado final…Ficou numa travessa retangular e acho que n vou conseguir puxar o creme, acumulado no fundo, para cima.
Veremos como ficou!
(No meio da expressão dos meus receios, recebi comentários de apoio da auxiliar entretanto presente do género “Vai ficar bom”.)
Pelas 19h00 foi a reuniao comunitaria, no exterior, e no checkout final o meu colega de quarto, que iniciou a ronda, deu o mote: todos referiram que gostaram de me conhecer, com algumas palavras de agradecimento tb.
No final falei eu tb agradecendo o acolhimento e momentos passados em conjunto.
Depois colocámos as mesas lá fora, num retângulo com seis mesas juntas, em duas colunas de 3.
Um dos residentes estava c tanta fome wue comeu sozinho no interior.
Já todos os restantes estavam à mesa no exterior quando começámos a ter tb a companhia das vespas, sendo que em alguns momentos gostaram particularmente do meu prato.
Via-as de roda do atum e do queijo principalmente, sendo o atum claramente o preferido, tendo elas levado uns pedaços de atum com elas…
Foi um exercicio de aprendizagem…encontrar alguma tranquilidade e perceber que podia comer mesmo com vespas a comer do meu prato tb.
Devido a esta dinâmica com as vespas, só ao fim de algum tempo consegui responder à pergunta da residente do gelo sobre como me sentia a propósito da saída da casa… Tristeza pelo contacto que vou deixar de ter com a maior parte dos residentes (e, acrescento agora, por todas as atividades que tinha aqui na casa e vou deixar de ter, pelo menos com a regularidade existente: duas sessões de psicoterapia/dialogo em grupo, uma individual, ginásio, equitação, saídas culturais, e tb por ir perder este “espirito comunitário”, pelo menos no imediato), medo por não saber bem o que me espera, e de enfrentar novamente a desmotivação profissional, alegria por voltar à minha rotina (acrescentando agora tb o poder estar c o meu filho c mais regularidade, e desenvolver mais a minha autonomia), e raiva por este debate interno sobre o meu futuro profissional se arrastar há mais de 10 anos…

No final do jantar desafiei o meu colega do quarto a ler uma passagem do livro que andava a ler, já wue ele tinha falado nessa possibilidade antes, e assim o fez… As vespas entretanto, sem comida nos pratos e escurecendo, foram-se embora.
Ouvimos assim uma passagem do livro de Trópico de Câncer, de Henry Miller. Algo negra e “brutal”, tendo por instantes eu identificado algo de positivo no meio daquela escrita e tb, apesar de tudo, de algo belo na intensidade da mesma.
Depois da leitura arrumámos as mesas e estava sentado no sofá da sala a ver algo no tlm, quando a residente do gelo me desafia a ir para o exterior, para ao pé dela e do meu colega de quarto.
Falámos um pouco e a certo momento ela sente necessidade de se recolher, ficando eu e o meu colega de quarto a conversar outro pouco, sendo que acho que falei mais que ele…em torno de visões de mundo e futuro.

Vim para o quarto e já depois de ele chegar, fechei a luz e eventualmente tb os olhos, para dormir.

De noite ainda acordei e reparei que o meu colega de quarto estava sentado a olhar para o tlm, e voltei a adormecer pco depois.

9h24 - 1h18m de escrita