Dia 2 - 29/06/2023

Diogo

1d

Antes de ler este texto é relevante ler antes: Sobre a categoria Diario pessoal - científico?.

Hoje levantei-me já uns minutos depois das 7. Creio que acordei pelas 5h00 mas devo ter voltado a adormecer pois quando voltei a olhar para o relógio já passava das 7h00.
Hoje não tinha o habitual alarme das 5.00.

Fiquei contente por ver o sono a estar a voltar ao “normal”.
Triste por sentir necessidade de me apressar para ir para o escritório para ver se chegava antes das 8.00.
Não tomei banho. Comi cereais Alpen com “leite” de amêndoa.

Ontem recebi o meu filho em casa perto das 10.00 (o infantario estava fechado e eu meti o dia de férias)…deixei-o ver desenhos animados até perto das 12.30. Sei que é algo que ele gosta muito, mas é algo de que não me orgulho, pois tenho medo que isto o possa prejudicar no futuro - em termos da visão e da capacidade de concentração e liberdade de criatividade (as brincadeiras dele atuais oscilam muito em torno do que ele vê nos desenhos animados).

Ainda não encontrei a energia e dedicação necessária para encontrar uma alternativa que seja viável para os 2, ainda que há uns tempos tenha colocado a regra dos 30 minutos de ecrã por dia. Ecrã neste caso é computador (desenhos animados) ou telemóvel (jogos).

Só que há dias em que consigo que seja cumprida, outros que não.

Pus no forno uns nuggets vegetarianos e cozinhei uma polenta (polenta, água e sal) e aqueci, tb no forno, junto com os nuggets, um resto de massa (esparguete) que tinha. Dei-lhe a escolher entre a polenta e a massa e ele escolheu a massa.

Depois de almoço, e sabendo que eu não queria que ele voltasse a ver os desenhos animados, ele pediu para telefonar a amigos dele para os convidar a vir brincar com ele. Tentámos um e não era viável. Tentámos outro e já era.

Propus-lhe comer kiwi e ele aceitou, e assim comemos um kiwi cada um.

Pouco tempo depois chega o amigo dele e eles ficam assim entretidos nas suas brincadeiras.
Nestes tempos deu-me espaço para fazer algumas tarefas domésticas, como arrumar roupa e lavar a loiça.
Já não me lembro do que andei mais a fazer…sendo que estava atento a ver se estava tudo ok com eles. Sei que me pediram para fazer malabarismo, e assim fiz durante uns poucos minutos.

Passada uma hora de brincadeira pediram-me para ir ao parque, e assim fomos.
O meu filho pediu para ir ao colo e eu, como é habitual deixei. Tenho observado alguma crítica por parte de outras pessoas próximas em relação a isso, até dirigindo-se a ele diretamente a dizer que isso é uma vergonha, etc. Custa-me ouvir, mas encontrei ainda forma de abordar a questão… Talvez essas pessoas (na realidade é só uma em específico que agora me vem à mente) leiam este meu texto e possam evitar esse tipo de comentários sem ser preciso eu pedir-lhes isso diretamente. Observo aqui alguma dificuldade minha em estabelecer limites deste tipo.

Eu tenho pensamentos distintos: por um lado - é uma forma de lhe dar atenção, também através do toque e acho que isso é positivo. Por outro - tenho receio que ele desenvolva algum tipo de comodismo e não tenha vontade de caminhar. Ainda assim, só dou colo quando o posso, e interrompo o colo sempre que estou cansado ou os pensamentos do comodismo ficam mais ativos.
Lembro-me de ainda lhe dizer: Olha para o teu amigo (que ia a pé)…podias aprender alguma coisa com ele… e fiquei a pensar também na relevância e positividade deste meu comentário…

Sim, analiso por vezes - às vezes penso tv ser demais, o que digo, pois considero que as palavras que usamos são essenciais à relação e podem ter um impacto no bem-estar e desenvolvimento dos outros, e isso é algo de que, quando posso, quero cuidar.

No parque eles brincaram, desentenderam-se uma vez (manifestando-se pelo lado físico - através do que a alguma distância pareciam mordidas mutuas e murros no corpo) e escolhi intervir, e depressa lhes passou o desentendimento e voltaram à brincadeira. Maravilha-me esta capacidade que observo nas crianças de aprenderem a gerir a relação e as emoções.

Chegou entretanto o pai do amigo do meu filho, precisamente no momento em que eu estava a chamar a atenção ao filho dele - que naquele momento estava literalmente a passar por cima do meu no escorrega. Observo este meu lado “protetor” em relação ao meu filho e confesso que fiquei algo constragido por estar a dizer que o amigo não devia fazer aquilo, tv por medo de ser julgado pelo pai dele.

Estivemos lá um pouco mais de tempo e depois voltámos para casa, o pai do amigo foi com o irmão mais novo de carro e eu voltei com os dois para casa - pois o amigo ainda tinha a mochila lá e queria ir buscá-la.

Chegados a casa, ainda queriam brincar mais e foi preciso eu lembrar o amigo que o pai dele estava lá em baixo à espera, para ele se preparar para sair.
Ele saiu e o meu filho estava a querer jogar ou ver novos desenhos animados e lembrei-o de que já tinha estado muito tempo além do estipulado pela regra dos 30 minutos a ver e disse que faltava só uma hora para sairmos (ontem foi o arraial relativo ao feriado municipal de S.Pedro - que é hoje - no infantario dele).
Entretanto fui preparar uns palmiers que queria fazer ainda para o arraial e o meu fiho perguntou-me quantos minutos eram uma hora, e dps só me lembro de acabar a dizer que eram 3600 segundos e ele me pedir para eu contar.
Aceitei o desafio e pus-me a contar em voz alta, e ele desenvencilhou-se e foi fazer desenhos.
Ainda me lembro de espreitar a ver se ele n tinha aberto o computador (observo este lado “desconfiado” em mim com cuidado, pois no passado, há 5 anos atrás, quando eu não estava bem - pelo menos umas partes de mim não o estavam - este lado esteve excessivamente ativo - pondo tudo em causa) e não tinha. Estava efetivamente a desenhar.
Que alegria eu senti nesse instante, por ver e pensar que ele tinha já alguma autonomia para ter entretenimentos que julgo saudáveis. Também foi sozinho buscar a tesoura dele para recortar. (Aqui ainda tenho algum receio e até medo de fazer esta partilha e do julgamento do leitor, mas como este é um diário escolho fazê-lo à mesma).

Lá continuei a contar…lembro-me de ter ido até ao 550 pelo menos e entretanto o forno já apitava a lembrar o fim daquele período de aquecimento dos palmiers e também que era o momento de sairmos para o arraial, que o tempo era já apertado. Os palmiers ainda não estavam prontos ! A massa estava muito mole e decidi por mais 5 minutos…apenas para mais tarde observar que o açúcar de côco estava já um pouco queimado.
Provei e não me souberam mal. O meu filho tb provou metade de um e pareceu gostar.
Levei-os, conscientes que não serviriam a toda a gente.

Fomos para o arraial e dps comecei a ficar cansado e despedi-me do meu filho, ficando entregue à mãe e recolhi-me, sendo que creio ter-me deitado perto das 22.00 e adormeci rapidamente.

Observo entretanto que estou no escritório, e que já estou a escrever há perto de uma hora (e o meu chefe já chegou e pediu-me agora um ponto de situação - medo é o que me vem - a forma de o resolver foi terminar o que queria terminar de escrever e agora por fim, parar).
Tb sinto alegria por saber que tenho flexibilidade para gerir o meu horário. E hoje posso ficar um pouco mais de tempo para compensar pois o meu filho está com a mãe.